Crise Cultural em Maricá: A Ineficiência Administrativa que Deixou Artistas a ver navios

Crise Cultural em Maricá: A Ineficiência Administrativa que Deixou Artistas a ver navios

Por Marco Speziali

Recentemente, Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, se viu em uma situação alarmante ao devolver mais de R$ 300 mil referentes a recursos da Lei Paulo Gustavo, destinados ao fomento da cultura local. Esse montante poderia ter sido investido em projetos que promovem artistas da cidade, que clamam por oportunidades em um cenário já bastante incerto.

Um balanço divulgado pelo Ministério da Cultura revelou que Maricá ficou com a segunda posição entre os piores municípios do estado, com apenas 76% dos recursos efetivamente investidos nos artistas locais. Essa baixa performance resulta em uma comparação desfavorável, onde a cidade só perde para Arraial do Cabo, que devolveu todo o recurso para a União.

A questão central que leva a essa crise cultural remete à má gestão das Secretarias Municipais de Cultura. A ineficiência administrativa se traduz em atrasos na execução de editais, perda de documentos e uma aparente falta de vontade política para resolver essas questões, como denunciado em novembro do ano passado em uma matéria que publiquei intitulada: “Maricá deixa fazedores de cultura a ver navios”.

Nela, eu critico a gestão do ex-secretário de Cultura, Leandro da Silva e, de alguma forma, tento mostrar o caminho das pedras para o bom andamento de um edital. Conclusão: a soberba não me deu ouvidos.

Agora, mais do que nunca, percebemos as consequências dessa ineficiência. Eventos culturais programados foram cancelados, e artistas encontraram dificuldades em financiar suas obras, resultado de uma agenda cultural esvaziada. Isso não só prejudicou a expressão artística local, mas também enfraqueceu a identidade cultural da cidade.

Os artistas locais, que muitas vezes dependem de recursos públicos para viabilizar seus projetos, se viram em uma situação crítica, carecendo de oportunidades que não são oferecidas por uma gestão que parece falhar em sua missão de fomentar a cultura.

Uma Lição a Ser Aprendida

Em meio a esse cenário, surge a necessidade urgente de reformas na gestão cultural. A solução proposta passa pela reavaliação das práticas administrativas, priorizando maior transparência e eficiência na aplicação dos recursos públicos.

É fundamental que o atual secretário de Cultura e sua equipe aprendam com os erros do passado, promovendo mudanças que visem não apenas a utilização correta dos recursos, mas também o engajamento da sociedade civil e dos artistas.

Especialistas defendem que para revitalizar a cultura em Maricá, é preciso valorizar o diálogo entre gestores culturais, artistas e a comunidade. Essa colaboração é essencial para a construção de uma agenda cultural robusta que reflita a identidade local e fomente o talento artístico.

Maricá vive um momento de reflexão sobre suas práticas culturais e administrativas. A ineficiência da gestão anterior serve como um alerta e um convite à ação. É um momento para que a cidade não apenas recupere os recursos que lhe pertencem mas também reafirme o seu compromisso com a cultura, reconhecendo-a como uma parte essencial de sua identidade social.

 

Por Marco Speziali

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