Governador do Rio defende abordagem da PM a adolescentes em Ipanema

Governador do Rio defende abordagem da PM a adolescentes em Ipanema

Na tarde desta terça-feira, durante a solenidade de entrega de um certificado de qualidade internacional à Central 190 da Polícia Militar, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, o governador Claudio Castro defendeu a atuação da Polícia Militar no episódio envolvendo um grupo de adolescentes, sendo três deles negros, abordados em Ipanema, na Zona Sul da cidade do Rio.

Castro ainda destacou que não foi procurado por nenhum representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE – Itamaraty) e criticou a forma como o caso foi tratado pelo órgão.

Controvérsia sobre a abordagem policial

As famílias dos jovens acusam a Polícia Militar de racismo. O caso se tornou público depois que a mãe de um dos adolescentes denunciou o episódio numa rede social.

Ao saber da abordagem e ver as imagens da câmera de segurança do prédio, Rhaiana Rondon acusou os policiais de racismo. O vídeo mostra os adolescentes chegando na portaria de um prédio na Rua Prudente de Morais quando uma viatura da PM para bruscamente em cima da calçada. Com as armas em punho, os policiais descem da viatura e obrigam os jovens a encostar na parede.

Os adolescentes são submetidos a revista, antes mesmo de os PMs pedirem algum tipo de identificação. O grupo era formado por dois jovens brancos e três negros. Mas segundo relato dos adolescentes, somente os negros foram revistados.

Posicionamento e críticas do governador

Governador defendeu a atuação da Polícia Militar no episódio envolvendo um grupo de adolescentes
Governador defendeu a atuação da Polícia Militar no episódio envolvendo um grupo de adolescentes

Na avaliação de Castro, não houve ato de racismo praticado pelos policiais. A ação dos PMs, segundo o governador, foi pautada em uma demanda dos moradores do bairro, que relatam constantes delitos, como furtos e roubos, praticados por jovens na região.

— A gente tem que entender um pouco a complexidade do trabalho policial. Naquela região ali, o que os moradores mais reclamam é exatamente dos assaltos feitos por jovens. Aquele policial tá ali, como todos os outros que estão ali, procurando exatamente situações de jovens praticando delitos. O pessoal ficou falando da questão de racismo, mas tinham jovens negros e brancos. Então se houve algum erro, a Corregedoria tá investigando. É muito complicado pro policial saber se é filho de um diplomata ou se é alguém que tá cometendo um delito. Crucificar o policial é o mais fácil. Se teve erro, nós vamos corrigir, mas a gente tem que entender a complexidade da região. Já pedi ao coronel Menezes (comandante da Polícia Militar) que coloque todos eles em algum treinamento, reciclagem… Quanto mais a gente puder fazer para melhorar a abordagem policial melhor, mas eu não vou crucificar o meu policial — disse o governador do Rio.

Na ocasião, o MRE chegou a fazer um pedido formal de desculpas às famílias dos três adolescentes negros filhos de diplomatas e disse que acionaria o governo fluminense, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem. O governador do Rio negou que tenha sido procurado formalmente por algum representante do Itamaraty e reprovou a postura do ministério na condução do caso.

— Eles preferiram botar nota pública antes de saber o que aconteceu. Acho até que isso é uma coisa que a gente tem que tomar cuidado, porque atacar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil. Espero por parte do Itamaraty um pouco mais de respeito e consideração pela Polícia Militar. Quando os filhos deles estão aqui quem vai defender é a polícia. Então atacar a polícia sem ao menos ligar antes para dialogar… A gente tem que tirar a política disso e começar a entender que aqui se faz Segurança Pública. A polícia tá aqui para defender o cidadão, se ela errar será corrigida. A gente não vai crucificar um policial que tá lá fazendo o seu trabalho — afirmou Castro.

O Ministério da Igualdade Racial classificou a condução dos PMs como violenta e irresponsável e se solidarizou com cada um dos adolescentes e seus familiares. A pasta salientou que independente da classe social, das relações políticas e familiares, do local no qual se encontrem as crianças e os jovens negros, como a todas as crianças e jovens no Brasil, a garantia de uma vida com dignidade, livre de violência, com perspectivas de futuro, com respeito aos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente deveria ser a regra.

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